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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Gladiadores, arenas e bundas: o espetáculo humano



"Os gladiadores do novo milênio", exalta o narrador da praça de nossa pólis "global". Os novos grandões fazem cara feia em entrevistas e velam a brutalidade através de um discurso sobre regras e ética esportiva que confortam o público enquanto alimentam seu desejo por sangue. O UFC ou MMA é a versão pós-moderna das antigas arenas, é uma tentativa descabida de maquiar o grotesco para que pareça civilizado - como se algumas regras, que só impedem um homicídio televisionado, fossem suficientes para transformar  pancadaria em atividade desportiva. 

A política do pão e circo vigora, senhores! Paguem caro e instiguem seus instintos mais baixos, deleitem-se com o vermelho sangue em HD e distraiam-se com a selvageria humana. Colaborem para que a tradição de usar a racionalidade em prol da irracionalidade se perpetue. A reflexão, prova a história, não é nosso forte mesmo - queremos apenas a excitação causada pelos instintos básicos, queremos a destruição do outro, a disputa animalesca, o sexo sem restrições, a liberdade dos selvagens que ignoram as regras - a humanidade está sendo um enorme sucesso de público!

Nenhuma imagem pode ilustrar tão bem nosso tempo quanto o casal Vitor Belfort e Joana Prado. Eles formam a nova imagem do sucesso social. Ele, o ogro musculoso que vive da violência disfarçada. Ela, a feiticeira do sexo que estimula o imaginário da fêmea objeto sempre disposta a satisfazer os instintos do macho alfa. O "romance" dos dois, claro, só poderia ter nascido dentro de um reality show - um outro tipo de arena que funciona como zoológico humano, uma representação bizarra da baixaria que protagonizamos desde as cavernas. Eles se tornaram a expressão de nossa realeza que nasce do povo e,  que sem qualquer instrução, impõe a ignorância e a mediocridade como referentes de excelência e sucesso. 

Aqui está a receita de nossa "nova humanidade": ignorância, violência, sexo e espetáculo. Enquanto a baixaria se mantiver em altos níveis, os administradores de nossa pólis podem ficar despreocupados - tendo o pão e o circo nos sentimos humanos e não ficamos suscetíveis à racionalidade - assim, os únicos gritos que ouvirão serão àqueles que ecoam de nossas arenas em veneração aos musculosos gladiadores e às "bundudas" que se expõem como troféus. Sentem-se e aproveitem!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Vergonha!




Com uma dissertaçao a ser finalizada, muitas páginas por serem lidas e muitas palavras pedindo para serem inseridas, ainda existem fatos que me calam por seu tom de absurdo, e por isso me trazem aqui. Apesar do vídeo falar por si, eu não consigo ignorar o "show" particular deste indivíduo que se diz jornalista e se coloca como um retrógado devensor de uma burguesia decadente e, absoluta e completamente, cega e ignorante.

Este fato me lembra outro represente desse clã que há muitos anos infesta nosso país. Há algum tempo, este se armou com seu martelo e decidiu, em nome de muitos interesses obscuros, acabar com o diploma de jornalismo - declarando que a dita profissão não necessita de formação técnica, ética ou teórica ... o resultado? acho que o vídeo elucida bem o que devemos esperar da grande mídia nos próximos anos ... Não que o diploma seja a garantia de um jornalismo sério e responsável, sempre haverá um grande número de idiotas com seu diploma na parede atuando de forma indevida, mas através da formação acadêmica existe uma luz ou uma chance de salvar algumas almas.

Não é aceitável que um profissional que deveria atuar em nome da sociedade, amplificando suas vozes, utilize o espaço público da mídia para humilhar e responsabilizar a população pobre pelos erros de um sistema corrompido que é alimentado e exaltado pelo veículo no qual trabalha. Sinto-me envergonhada. 

No que diz respeito ao discurso inflamado e pouco embasado apresentado pelo jornalista não é preciso de nenhum livro para desfazê-lo, apesar de haver bibliografia vasta sobre o tema que ele parece desconhecer. Todos os finais de semana ou feriados temos sim um grande número de acidentes de trânsito, mas a maioria dos "camaradas"que os causam estão dirigindo um ótimo carro, com tanque cheio e motor potente. É comum que eles se coloquem como donos do mundo, donos da estrada, impassíveis a lei ... mas estes não são os "miseráveis" como expõe o jornalista, são normalmente os filhos de uma classe média alta que os cria para agirem de forma irresponsável, auto-suficiente e arrogante - exatamente a postura apresentada por esse senhor decadente que maculou, irremediavelmente, sua imagem como profissional, ser humano e, por conseguinte, a imagem de sua emissora.